Quando completei meus doces "trintinha", descobri que definitivamente eu sou uma chata. Ou uma rabugenta. Ou uma velha. Ou uma velha rabugenta, se preferirem. Mas tem certas coisas que não suporto, não tenho saco. Tipo: emails encaminhados, videozinhos babacas que atolam minha caixa postal, homem muito musculoso, gente que fala pra dentro, gente que escreve errado, homem com voz feia, mulher com voz de pato e testes da revista Nova. Ah, não gosto, não gosto e não gosto. Só acredito em uma vida e acho que não tenho tempo a perder com certas coisas. Não gosto de nada muito hermético e testes de múltipla escolha com apenas três ou quatro alternativas me sufocam, me sinto presa numa caixinha tetrapac.
Sinto falta do espaço para escrever a resposta que eu escolher e não as que me impõem. Vida pra mim tem que ser dissertativa, papos têm que ser longos e noites têm que durar páginas e não uma linha. Não me peça pra dizer os cinco filmes preferidos da minha vida, os três melhores beijos que já dei, as duas melhores viagens que fiz. Não me peça pra resumir minhas paixões em a, b, c ou d. Sempre vou responder com um “nenhuma das alternativas anteriores”. Tenho meus filmes, beijos e músicas preferidos, claro que tenho. Mas sou leonina com ascendente em sagitário avessa a injustiças e resumir meus gostos, desejos, lembranças e preferências a uma dezena é injusto demais para uma leoa que se perde na imensidão de um campo sem cercas.
Ser diferente do que sou é, sim, um grande desafio. E desafios fazem meu sangue ferver.
Não gosto de testes de revistas mas acabo me testando diariamente. Por isso, num ímpeto de ser uma pessoa diferente mesmo que por poucos minutos, deixo a chatice, a rabugice e a velhice de lado e arranjo paciência e boa vontade para ler emails encaminhados, assistir a videozinhos babacas, ouvir atentamente alguém que fala pra dentro, marcar alguns X em testes da Nova e preencher questionários que me dão falta de ar por me permitir apenas três (três!) respostas. Isso é tortura pra mim, mas o sacrifício faz parte do aprendizado e do crescimento. Desde que o sacrifício não signifique vários emails de um homem muito musculoso, que escreve errado e atola a minha caixa postal.
Ok. Vou lá pegar a Nova.
Beijomeliga!




Nenhum comentário:
Postar um comentário